Conectividade e Ecologia do aratu-da-pedra Plagusia depressa (Fabricius, 1775) no Oceano Atlântico Tropical

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: COSTA, Anne Karolline Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Pernambuco
UFPE
Brasil
Programa de Pos Graduacao em Oceanografia
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/62033
Resumo: O aratu-da-pedra Plagusia depressa é uma espécie amplamente distribuída no Oceano Atlântico tropical e com valor econômico em algumas regiões no Nordeste do Brasil, porém pouco conhecida na literatura. O presente trabalho investigou padrões de variações morfométricas populacionais da espécie e seu papel na estrutura trófica de ambientes marinhos costeiros e na ilha oceânica de Fernando de Noronha no Atlântico Tropical. Testamos hipóteses de plasticidade fenotípica, mudanças na composição alimentar e enriquecimento trófico em resposta a fatores ambientais, geográficos e biogeoquímicos. Os espécimes foram coletados entre 2019 e 2023 em ambientes distintos de acordo com seus objetivos: no primeiro, identificar diferenças morfométricas de P. depressa entre três populações costeiras: Baía de Suape – Pernambuco, Praia de Tamandaré – Pernambuco e Barra Grande – Ceará, e uma área insular: Arquipélago de Fernando de Noronha; No segundo, avaliou-se o padrão alimentar e a estrutura trófica da espécie em um ambiente costeiro (Praia de Tamandaré) e outro insular (Fernando de Noronha) através de análises de conteúdo estomacal e isotópicas de P. depressa, E. gonagra (espécie simpátrica utilizada para ecologia trófica) e seus potenciais itens alimentares (macroalgas marinhas). Foram utilizadas análises morfométricas linear e geométrica através de marcos anatômicos específicos nas carapaças, abdomens e quelípodes direito de machos e fêmeas dos aratus. Diferenças significativas foram observadas nas populações da região de Barra Grande em relação às demais areas estudadas, como o alongamento das regiões da carapaça de machos e estreitamento abdominal, télson mais longo e quelas afinadas e alongadas das fêmeas nesta área, indicando a possível influência de uma barreira biogeográfica presente nesta área costeira, até então pouco considerada e aliada aos padrões de correntes oceânicas atuantes nesse ambiente. Em contraste, foi observado que fêmeas insulares apresentaram alargamento da carapaça como resposta à dessecação e maior exposição solar devido às características ambientais distintas desta área mais afastada do continente. Quelas direitas dos machos apresentaram diferenças significativas entre as áreas estudadas, indicando um impacto da captura de alimentos e da interação com outros organismos na sua plasticidade fenotípica. Os resultados do estudo de ecologia alimentar indicaram que a espécie apresenta hábitos preferencialmente herbívoros, com maior contribuição de algas na dieta de ambas as áreas. Fragmentos de origem animal também foram identificados, embora em menor frequência e fragmentos de microplásticos também foram detectados, indicando contaminação por resíduos de atividades antrópicas. Foi observado padrão de enriquecimento de δ15N em Fernando de Noronha nos grupos estudados com valores de enriquecimento de 2,8‰, 2,1‰ e 1‰ de δ15N para macroalgas e tecidos de P. depressa e E. gonagra, respectivamente evidenciando que nos sistemas biogeoquímicos, o ciclo de nitrogênio é distinto nos dois ambientes estudados. O enriquecimento entre consumidores (P. depressa e E. gonagra) e fontes alimentares (macroalgas) também foi observado através de δ15N em P. depressa de 3‰ e 3,8‰ em Fernando de Noronha e Tamadaré, respectivamente e de 2,5‰ e 4,5‰ para E. gonagra. Estes resultados fornecem novas informações ecológicas e perspectivas para a espécie, com implicações importantes na biogeografia do Atlântico tropical e desenvolvimento de planos de gestão baseados em ecossistemas marinhos.