Inteligência artificial e racionalidade instrumental: implicações do ChatGPT nos processos educativos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Melo, Michele Carolina de Jesus
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal de Goiás
Faculdade de Educação - FE (RMG)
Brasil
UFG
Programa de Pós-graduação em Educação (FE)
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tede/14150
Resumo: Esta pesquisa de mestrado, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Goiás (PPGE/UFG) e situada na linha de pesquisa Fundamentos dos Processos Educativos, tem como como tema a análise do crescente uso da inteligência artificial, especialmente do ChatGPT, nos processos educativos. O objetivo geral do estudo é analisar as implicações do uso do ChatGPT como mediação na produção do conhecimento e seus desdobramentos na constituição dos sujeitos. O estudo também visa analisar os nexos que se estabelecem entre o desenvolvimento da ferramenta e a racionalidade instrumental, produzida objetivamente pelo modo de produção capitalista, bem como as atualizações dos processos pseudoformativos na sociedade contemporânea. Trata-se, portanto, da análise de um objeto de pesquisa amparada nos fundamentos teóricos da Teoria Crítica da Sociedade. As principais referências são Adorno (1959/2010), Adorno e Horkheimer (1947/1985), Horkheimer (1947/2015) e Marx (1867/2023). O fato de, no conjunto das ferramentas possíveis, produzidas com base no desenvolvimento da inteligência artificial, o ChatGPT ter se desenvolvido e se popularizado como principal “solução” para as necessidades de produção de conhecimento, é algo que merece ser ampliado e visto de forma mais detalhada, uma vez que a ferramenta se apropria do trabalho intelectual produzido historicamente e dispõe esse “conhecimento” pronto para os sujeitos em forma de informações instantâneas e sob a aparente autoria. Nesse processo, há um predomínio do estado de economia intelectual por parte dos usuários da plataforma, o que implica em uma experiência efêmera e de sentido estritamente pragmático. Este objeto de estudo problematiza, portanto, a já anunciada desarmonia entre o desenvolvimento da inteligência artificial em relação aos princípios da humanização. A partir do estudo realizado, foi possível observar algumas tendências em desenvolvimento nessa particularidade histórica que se atualizam mediante a relação dos sujeitos com o ChatGPT. Entre elas estão: a expropriação da autoria, uma vez que a produção feita pela ferramenta é realizada por uma inteligência que não é a do próprio sujeito, destituindo-o da possibilidade de criatividade e autonomia e, portanto, de autoria; a existência de uma lógica produtivista, intrínseca da racionalidade capitalista, que impõe uma pressão constante sobre os indivíduos para que otimizem seu tempo e aumentem sua produtividade, constituindo-os para a busca incessante por resultados imediatos em detrimento do processo e da reflexão; o abandono do desenvolvimento de certas capacidades cognitivas, como concentração e foco; o declínio da capacidade de leitura; bem como uma intensificação do processo de valorização do capital e o aprofundamento do processo de desvalorização do trabalho mediante o advento da inteligência artificial generativa. Para a análise da reconfiguração do mundo do trabalho a partir da inteligência artificial, esse trabalho recorre a categoria marxiana de maquinaria, tencionando se essa categoria ainda é explicativa da realidade atual. Desse modo, a principal contribuição da pesquisa consiste em revelar que o ChatGPT é produzido na lógica da racionalidade instrumental e, uma vez utilizado como ferramenta mediadora da produção de conhecimento, concorre para o processo de (de)formação dos sujeitos, reafirmando a reificação e a desumanização como tendência histórica.