Ainda não se escreveu : a poesia de António Botto nas décadas de 1940 e 1950

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2025
Autor(a) principal: Paula Neto, Oscar José de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://app.uff.br/riuff/handle/1/38977
Resumo: O objetivo desta tese é analisar a poesia da fase tardia de António Botto, compreendida entre as décadas de 1940 e 1950, período em que o poeta buscou reformular a sua produção literária de modo a alinhá-la às tendências vigentes entre seus contemporâneos portugueses. Embora essa reconfiguração representasse para Botto uma tentativa de redefinição de sua trajetória, sua recepção crítica foi amplamente negativa, tanto no momento de sua publicação quanto posteriormente. De fato, tal fase de sua obra permaneceu à margem da crítica e da historiografia literária, sendo frequentemente desconsiderada ou classificada como inferior em relação às etapas de maior reconhecimento criativo do autor. De certo modo, o poeta foi relegado a uma posição secundária no cânone literário português, apesar de Canções (1921) manter-se com alguma relevância ao longo das décadas, recebendo reedições na segunda metade do século XX. Em contraste, as obras pertencentes ao período tardio jamais foram reeditadas após sua publicação original, com exceção do esforço realizado por Eduardo Pitta em 2018, quando organizou a poesia édita do autor. Desse modo, títulos como O Livro do Povo (1944), Ódio e Amor (1947), Fátima– Poema do Mundo (1955) e Ainda não se escreveu (1959), bem como outros textos dispersos na imprensa brasileira e portuguesa, seguem carentes de análise e avaliação crítica. Sendo assim, buscamos relacionar tais obras ao contexto sociopolítico do período, marcado pelo regime autoritário de António de Oliveira Salazar e o impacto da Segunda Guerra Mundial e da Guerra Fria, elementos que influenciaram muitas das transformações da poesia bottiana, e às experiências do período brasileiro (1947–1959), quando o escritor viveu um exílio voluntário. Por isso, refletindo a experiência no Brasil, também buscamos compreender a poesia bottiana produzida no país, publicada na imprensa brasileira e a inédita conservada no espólio do poeta. Por conseguinte, a presente investigação busca preencher a lacuna sobre o conhecimento da obra tardia de António Botto, promovendo uma revalorização desta parcela de sua obra poética, mesmo que ela apresente claros sinais de desgaste e afastamento das características que fizeram do poeta um dos principais autores do modernismo português.