Essa dor tem cor: uma análise interseccional no fenômeno da violência obstétrica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santana, Ariane Teixeira de lattes
Orientador(a): Couto, Telmara Menezes lattes
Banca de defesa: Couto, Telmara Menezes lattes, Santos, Amalia Nascimento do Sacramento lattes, Almeida, Lilian Conceição Guimarães de lattes, Rivemales, Maria da Conceição Costa lattes
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF)
Departamento: Escola de Enfermagem
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/38084
Resumo: Introdução: A violência obstétrica atinge mulheres e pessoas com útero de formas irrestrita, sendo as mulheres negras as mais afetadas por esse fenômeno em todo mundo. Diante deste exposto, a temática se revela pertinente no contexto da reflexão sobre as práticas de saúde no cenário obstétrico do Brasil, e como ela se pauta. Uma vez que buscamos pretende aprofundar o conhecimento sobre a ocorrência do fenômeno da violência obstétrica, segundo a percepção de quem vive. Buscando contribuir desta forma, para a construção de práticas assistenciais mais respeitosas, qualificadas, e que proporcione satisfação para as mulheres e pessoas com útero. Objetivos: Este estudo teve buscou: conhecer as percepções de mulheres sobre o fenômeno da violência obstétrica na assistência ao parto e a interface com raça e gênero. Método: Trata-se de pesquisa exploratória, descritiva, com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado no Município de Salvador do Estado da Bahia. O cenário de ocorrência foi uma Maternidade Pública da administração direta do Estado, que fornece serviços obstétricos de baixo risco. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2021 a fevereiro de 2022. Participaram deste estudo 25 mulheres. Como instrumento de coleta de dados foram utilizados um roteiro de entrevista semiestruturada e estruturada, onde as entrevistas continham perguntas abertas e fechadas. As falas das participantes foram gravadas após assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido e transcritas. Para estruturar a análise das falas foi utilizado a Análise do Conteúdo proposta por Bardin. O conceito dos marcadores sociais e epistemologia da interseccionalidade foram utilizados para nortear a análise das informações. As participantes desta pesquisa tinham idade entre 16 e 24 anos, todas as participantes declararam-se da raça/cor negra, a maioria exerce atividades não remuneradas e possuía nível médio completo. Resultados: Emergiram unidades temáticas, as quais foram agrupadas em quatro categorias, onde foi possível compreender o fenômeno da violência obstétrica a partir da percepção apresentada pelas entrevistadas. As mulheres atribuíram a violência obstétrica a uma série de condições consideradas degradantes, humilhantes, desrespeitosas e abusivas. As mulheres apontaram o sentimento conflituoso na percepção de serem violentadas por outras mulheres. As mulheres associaram que o gênero e a classe social têm influências diretas na ocorrência da violência obstétrica. Há ainda a percepção da violência obstétrica no contexto das condições precárias presentes nos sistemas de saúde. Conclusão: Reafirmo a necessidade de maiores esforços do Estados, gestores, profissionais e sociedade para avançar no combate à violência obstétrica. Para que todas as mulheres e pessoas com útero possam receber cuidados de alta qualidade, respeitosos, baseados em evidências, integral e equânime, que fortaleça políticas de combate ao racismo e garanta autonomia nas decisões sobre o processo reprodutivo. A fim de proporcionar experiências individuais e prazerosas em toda sua trajetória obstétrica a partir da lente da justiça reprodutiva.