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A transitoriedade e as construções discursivas de profissionais da saúde no contexto do cuidado clínico ao acidente vascular cerebral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Pequeno, Clarisse Sampaio
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=101531
Resumo: A transitoriedade revela o quão a imprevisibilidade dos fatos da vida é constante na existência dos seres humanos. Dentre as experiências tidas como transitórias que emergem no cenário de saúde, aponta-se o adoecimento e a morte. No cuidado ao Acidente Vascular Cerebral, patologia que desvela a perda do controle sobre o corpo biológico, produzindo sequelas, identifica-se que a presentificação da transitoriedade desperta nos profissionais de saúde além do desejo de salvar o outro, o desejo de se salvar. Para a compreensão desse contexto, aposta-se na interlocução da psicanálise e da análise do discurso francesa (AD) como um caminho que anuncia os processos discursivos dos profissionais de saúde sobre a transitoriedade apontando para experiências subjetivas e para a produção de sentidos dos profissionais. Assim, insere-se a tese: a prática de cuidado a pacientes com AVC convoca a transitoriedade, fazendo com que o profissional de saúde se depare com a sua própria relação com a transitoriedade. Esse confronto afeta de algum modo as experiências subjetivas do profissional assim como sua forma de cuidar do outro. Desta forma, o objetivo desse estudo consiste em analisar os processos discursivos dos profissionais da saúde na prática do cuidado em saúde ao AVC diante da transitoriedade. Trata-se de uma pesquisa com psicanálise realizada com vinte cinco profissionais de saúde por meio de uma entrevista semiestruturada durante os meses de novembro/2019 a janeiro/2020 em uma unidade de AVC de um hospital do município de Fortaleza/Ce. Os dados foram analisados por meio da técnica de análise do discurso e a pesquisa teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Fortaleza sob o parecer nº 3.730.787. A partir da análise dos discursos dos profissionais de saúde, percebe-se que os efeitos de sentidos parafrásticos perpassaram pela compreensão do profissional de saúde como aquele que irá salvar o outro, oferecendo o todo por meio do cuidado. Evidencia-se que os profissionais recorreram ao discurso biomédico para dá conta desse cuidado, uma vez que as ações de cuidados e tratamentos inovadores poderiam garantir a cura dos pacientes acometidos pelo AVC. Porém, os discursos também apontaram que o confronto com a impossibilidade da cura despertou nos profissionais sentidos referentes à transitoriedade, anunciando a angústia como uma resposta diante do imprevisível, daquilo que foge ao controle do discurso biomédico. Dessa maneira, identifica-se que esses discursos desvelaram a negação da transitoriedade, o que levou ao encontro do discurso capitalista de Lacan como a ideologia que sustenta toda a prática significante dos discursos dos profissionais de saúde. Tomando a psicanálise como campo de saber para melhor entendimento dos sentidos produzidos por esses discursos, vislumbra-se a transitoriedade como propulsora de processos de simbolização e elaboração em relação aos “acidentes” e a incompletude da vida. Entretanto, esta tese aponta para a existência de angústia nos lugares em que a transitoriedade se revela de forma mais significativa, havendo a necessidade de se levar essa angústia para algum lugar, ressignificando os sentidos das experiências dos profissionais da saúde diante da transitoriedade.