Prática discursiva de professores e de alunos do ensino fundamental: constituição humana, sociedade e mal-estar na escola

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silveira, Rosemary Do Nascimento
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=100577
Resumo: Esta tese aborda a relação entre saúde mental, linguagem e contexto escolar. Situa-se na interface Estudos Linguísticos e Psicanálise, e tem como objetivo geral investigar as estratégias discursivas e os sentidos produzidos por professores e alunos adolescentes sobre o significado da escola em sua relação com vivências de mal-estar e/ou bem-estar por eles experimentadas. Em termos mais específicos, o trabalho visa conhecer os processos de significação de docentes e discentes sobre os seus modos de relação na escola, de como concebem a escola, a função docente, a adolescência e quais as relações entre os sentidos construídos em suas narrativas, com o intuito de investigar a ocorrência de mal-estar psíquico no contexto escolar. A partir da realização de pesquisas e de estudos em livros e periódicos brasileiros, agregados à práxis profissional da autora da tese, observou-se a crescente incidência de mal-estares entre docentes e alunos, que têm se apresentado em forma de sofrimento psíquico e de processos de adoecimento variados em escolas de todo o país. O que se tem percebido é que o crescimento das situações problemáticas na escola tem extrapolado (embora muitas vezes o englobe) a esfera do aprendizado, os desafios inerentes ao ato de aprender e de ensinar, que é a recorrência do fenômeno do adoecimento psíquico. Em virtude da especificidade do objeto e da complexidade que o envolve, a base teórico-metodológica de análise das informações de pesquisa está alicerçada numa perspectiva interdisciplinar, o que inclui um diálogo entre as áreas da Pragmática Linguística, com ênfase nos estudos sobre a impolidez linguística, de Jonathan Culpeper e pesquisadoras que trabalham com o tema da violência verbal, como Isabel Roboredo Seara e Ana Lúcia Tinoco Cabral; a Psicanálise de Sigmund Freud e pesquisadores que abordam sobre o mal-estar na sociedade contemporânea; assim como as contribuições de Lev S. Vigotski e de Paulo Freire, que subsidiaram as discussões, sobretudo, acerca do campo educacional. Adotou-se como troncos temáticos centrais do estudo a instituição escolar, o conceito de mal-estar e de linguagem. Com essas diretrizes, realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo e de natureza aplicada, em uma escola pública no Município de Fortaleza, cuja amostra é composta pelos professores que lecionam no nono ano da escola e alunos desse mesmo nível de ensino. Para tal, determinou-se para coleta de informações o uso da entrevista e de encontros em grupo. Percebeu-se, em contato com as produções discursivas dos participantes da investigação que, muitas das questões encontradas em pesquisas brasileiras sobre situações de mal-estar de docentes e alunos, são referidas direta ou indiretamente em suas falas. Em linhas gerais, constatou-se que o ambiente escolar para os docentes se apresenta como um espaço satisfatório, em termos das relações interpessoais com colegas, gestores e alunos. Contudo, em relação aos alunos, os docentes narram sobre suas insatisfações, no que diz respeito ao endereçamento de atos de fala impolidos, de uma parcela dos discentes, em direção a eles, professores. No que tange aos alunos, houve referências bastante favoráveis ao nível de satisfação que sentem na escola, em especial a forma como os professores ministram aulas. Seus incômodos e mesmo narrativas de sofrimento, embora modeladas por palavras que indicam conseguir lidar bem com as situações, são associadas às relações que travam com determinados colegas de sala. Fazem referência a atos de fala impolidos que vivenciam ou presenciam, de forma acentuada, no cotidiano escolar. Destaca-se, como considerações finais, que a análise das narrativas sobre o mal-estar psíquico deve considerar o fenômeno em toda sua complexidade, compreendendo a sua conexão com as especificidades institucionais, políticas, culturais e ideológicas que constituem o ambiente educacional; assim como a sua relação com os modos idiossincráticos como os sujeitos são afetados. Salienta-se, também, a importância da linguagem em sua perspectiva de ato dialógico, seu aspecto discursivo, como instrumento de reestruturação psíquica, de transformação social e de mitigação ou saída do mal-estar na instituição educacional. Palavras-chave:Produções discursivas. Mal-estar. Impolidez linguística. Docência. Adolescência.