Imunossupressão em transplante renal pediátrico: construção de um protocolo para o estado do ceará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Santos, Camila Cavalcante De Queiroz
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Estadual do Ceará
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://siduece.uece.br/siduece/trabalhoAcademicoPublico.jsf?id=106993
Resumo: Não há uma padronização nos protocolos de imunossupressão em transplante renal pediátrico no Brasil e no mundo. Assim, o estudo teve como objetivo desenvolver um protocolo para profissionais de saúde sobre imunossupressão em transplante renal pediátrico para o estado do Ceará. A construção do protocolo foi baseada na revisão de literatura e na análise retrospectiva de uma coorte. A coorte incluiu 311 transplantes realizados nos dois centros transplantadores do estado do Ceará. A revisão de literatura ocorreu através de artigos indexados nos arquivos do Pubmed e Scielo. O tipo de imunossupressão de indução mais utilizado foi a timoglobulina (74,3%). A maioria dos pacientes (71,1%) realizou esquema de manutenção inicial livres de esteroides, destes 29,9% tiveram conversão para esteroide. Como esquema inicial de ISS de manutenção, o mais utilizado foi tacrolimo (TAC) com micofenolato de mofetila ou micofenolato de sódio (MMF/MYF) (59.2%), seguido por 24,3% de utilização do TAC com everolimo e 14,6% de TAC com sirolimo. Observou-se que a maioria (80,5%) dos receptores manteve o esquema de manutenção inicial no primeiro ano após o transplante. O principal motivo para modificações na ISS foi falência de segurança (71,5%), ou seja, eventos adversos. Aproximadamente dois em cada dez pacientes apresentaram perda do enxerto renal, com taxas de sobrevida acima de 80% após 1, 3 e 5 anos de transplante, mas não houve diferenças quando avaliados indivíduos que usaram ou não corticoide e nem quando comparados aqueles em uso dos esquemas de manutenção analisados. Os óbitos representaram 4% da amostra, sendo infecção a principal causa (55,6%). Quanto às complicações após o transplante, as principais foram eventos por citomegalovírus (CMV) e vírus BK (BKV), sendo viremia o tipo mais prevalente de CMV (75,6%) e de BKV (85%). Foi evidenciado que as crianças em uso de tacrolimo + MMF/MYF apresentaram incidência superior de eventos por CMV (59%). Quanto a neoplasias após o transplante, a incidência foi de 3,9%. Não houve diferenças significativas na incidência de neoplasia quando comparado indução com timoglobulina versus basiliximabe/daclizumabe. Em torno de 15% da coorte apresentou RACB. Após 1 ano de transplante, o grupo em uso de tacrolimo + sirolimo apresentou taxa de filtração glomerular (TFG) superior aos demais esquemas de manutenção. Quando comparados pacientes com protocolo sem com aqueles com esteroide, houve um aumento na altura com o passar dos anos em ambos os grupos, mas sem diferenças significativas. Foi observado que o IMC de pacientes que fizeram uso de esteroide foi acima da média da população após 3 e 5 anos de transplante, mas todos com IMC médio dentro de um desvio padrão da média. Concluímos que os esquemas com inibidores da proteína alvo da rapamicina em mamíferos (mTOR) e sem esteroides são pelo menos tão eficazes e seguros quanto os outros esquemas e que não há um protocolo universal a ser utilizado em todas as crianças, devendo a escolha dos imunossupressores ser individualizada.