[en] ON THE ROLE OF LANGUAGE IN THE DEVELOPMENT OF HIGHER COGNITIVE FUNCTIONS: REPRESENTATION, RECURSION AND NUMERICAL COGNITION

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: MERCEDES MARCILESE
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MAXWELL
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=17819&idi=1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=17819&idi=2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.17819
Resumo: [pt] Esta tese investiga a possível relação existente entre dois aspectos tidos como centrais na cognição humana: a capacidade de qualquer criança sem impedimentos de ordem neurológica ou social adquirir uma língua e a possibilidade de habilidades cognitivas superiores que, tais como a língua, são específicas da espécie, serem desenvolvidas. No que tange às habilidades superiores, são focalizadas habilidades numéricas dependentes do cálculo com quantidades exatas e a habilidade de integrar informações provenientes de diferentes domínios cognitivos. Esse tópico é explorado tomando como eixo duas propriedades cruciais das línguas: representacionalidade e recursividade. Ambas estão vinculadas ao fato de as línguas serem sistemas de natureza representacional – dado que incluem um léxico – e incorporarem um sistema computacional que opera recursivamente. Parte-se de uma proposta teórica (Corrêa, 2005-2009; Correa & Augusto, 2007) que visa a articular uma teoria psicolingüística da aquisição e do processamento da linguagem com a concepção de língua expressa no Programa Minimalista (Chomsky, 1995-2007), aliada à idéia de que a língua forneceria o suporte necessário para a combinação de informação advinda de diferentes sistemas de representação vinculados a vários domínios da cognição (Spelke, 1992-2010). A hipótese de trabalho que orienta esta pesquisa é a de que o papel da língua no desenvolvimento das habilidades superiores em questão vincula-se diretamente às duas propriedades cruciais mencionadas: representacionalidade – no caso da cognição numérica, o fato de a língua poder vir a fornecer uma representação exata para a numerosidade por meio dos numerais – e recursividade, definida como um mecanismo que possibilita a integração de informação de natureza diversa e como propriedade compartilhada por estruturas que podem estar associadas a diferentes domínios da cognição. São reportados dois conjuntos de experimentos, cada um voltado para questões centradas na representação e na recursividade, respectivamente. Cinco experimentos foram conduzidos com crianças de 2-6 anos, tendo um grupo de adultos como controle. Um experimento elaborado com vistas a verificar se haveria priming de estruturas recursivas entre os domínios lingüístico e matemático foi conduzido apenas com adultos. Adicionalmente, o desempenho de quatro adultos com quadros de afasia foi avaliado em uma tarefa de cada conjunto de experimentos. Os resultados dos experimentos vinculados à representacionalidade sugerem uma sensibilidade precoce das crianças às propriedades que distinguem numerais de outras formas de expressão de quantidade. Numerais parecem ser associados preferencialmente à codificação de quantidades exatas mesmo antes de a aquisição do significado de cada item (um a cinco) ser completada. Os resultados de dois experimentos relacionados à recursividade indicam que as dificuldades atribuídas a crianças de até 6 anos de idade com estruturas recursivas podem ser decorrentes de fatores não-lingüísticos assim como de possíveis problemas metodológicos. Não foram encontrados resultados compatíveis com um efeito de priming estrutural interdomínios, quando comparadas sentenças relativas e expressões numéricas recursivas. Tomados em conjunto, os resultados mostram-se consistentes com a hipótese de trabalho e podem ser considerados como indicativos de que a aquisição de uma língua contribui para o desenvolvimento de habilidades específicas relacionadas à cognição numérica, mas sugerem cautela quando transferências entre domínios cognitivos são consideradas.