Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2010 |
Autor(a) principal: |
Rocha, Mary Lança Alves da |
Orientador(a): |
Guimarães, Maria Beatriz Lisboa |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
|
Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
|
Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
|
Departamento: |
Não Informado pela instituição
|
País: |
Não Informado pela instituição
|
Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2433
|
Resumo: |
Esta dissertação tem como objetivo compreender o processo de recuperação do uso indevido de drogas vivido por fiéis da igreja pentecostal Assembleia de Deus de uma comunidade popular da cidade do Rio de Janeiro. Fez-se uso do método qualitativo, por meio da utilização de entrevistas semi-estruturadas e observação participante, considerando a visão do fenômeno dos indivíduos que estão neste processo. Foram entrevistados em profundidade 10 participantes de igrejas Assembleia de Deus (AD) que buscaram o local por problemas relacionados ao uso indevido de drogas. Observou-se que a busca pelo tratamento religioso decorre do respeito que os sujeitos e a comunidade têm pelos fiéis da AD, do envolvimento dos familiares dos usuários de droga com a igreja a fim de conseguir ajuda para tirá-los desta situação, da busca ativa que a igreja faz dos mesmos para lhes propor um novo estilo de vida e da crise existencial decorrente da perda de controle sobre o uso da droga e de problemas relativos ao tráfico. Foi demonstrado que a igreja faz o trabalho de recuperação do uso indevido de drogas visando à “cura das almas” e não ao tratamento em si, como meio de transformar a sociedade pela transformação de seus indivíduos, “um a um”. Durante o processo de recuperação, o sujeito se identifica com “outros significativos” que lhes oferecem uma estrutura de plausibilidade para que possam aprender um novo modo de interpretar o mundo e de estar nele. O indivíduo afasta-se dos antigos companheiros de droga ou de tráfico e passa a redefinir sua biografia em termos de “antes” e “depois” da conversão. As dificuldades de relacionamento dentro da igreja são apontadas como o maior fator de desmotivação para a permanência neste grupo. A conclusão do estudo é de que tanto a categoria pessoa como indivíduo são utilizadas no processo de recuperação. Como pessoa, o sujeito está subordinado à consciência coletiva da igreja que lhe dita as regras do modo correto de pensar, interpretar os textos sagrados e se comportar, além de dizer como a realidade se estrutura. Também passa a pertencer a uma rede de relações que lhe oferece um tratamento diferenciado, expresso especialmente pelo apoio social. Como indivíduo, ele é responsável por suas escolhas, desde o uso de drogas, como pela busca e adesão ao tratamento, a ele e pela recaída. Sua auto-estima é fortalecida pelo desenvolvimento de potencialidades e pelo respeito que adquire perante a comunidade. Sua individualidade se expressa na margem de manobra que tem em relação ao seu novo papel socialmente predefinido. O trabalho aponta a possibilidade de diálogo e colaboração entre a AD e os profissionais de saúde na questão das drogas, pois, embora a exigência de abstinência como único resultado possível do tratamento feita pela igreja divirja do paradigma de Redução de Danos adotado pela Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e Outras Drogas, esta instituição tem contribuído na prevenção, recuperação e reinserção dos mesmos à sociedade, que são objetivos desta política. |